terça-feira, 17 de maio de 2011

O ressentimento e o ódio são venenos que nós mesmos tomamos..



Hoje resolvi analizar como uma pessoa muito próxima  levou a vida e o quanto vem se envenenando.
A vida toda vi esta pessoa reclamando, esbravejando, praguejando, ofendendo, humilhando a tudo e a todos ao seu redor. Como era de se esperar a maioría das pessoas acabavam se afastando dele, e eu desde os 15 anos fugia dele como o Diabo foge da cruz...mas jámais ele percebeu isso , por mais que se falasse, e mostrasse o que ele estava fazendo.
As pessoas que ainda insistiam em conviver com ele na esperança de que um poder maior lhe desse jeito, que a mão divina o fizesse mudar nem que fosse com o acúmulo de doenças que todo este veneno lhe depositava no organismo...mas nada, cada vez mais a criatura piorava! 
Por 45 anos tive dó, muita dó mesmo dele, chegava a chorar imaginando de que vale uma vida de tormentas onde nada se aprende?! Imaginava que triste sería seu fim ...
Mas ele cada vez mais sentia prazer em viver gritando e maltratando as pessoas ao seu redor, acreditando que assim ele sentia raiva, mas as pessoas ficariam destruidas; e cada vez mais alimentava seu ressentimento e ódio...mal percebendo que o ressentimento é ressentir várias e várias vezes o mesmo amargor no coração, é repetir a sensação ruim todo tempo e com isso cada vez mais se envenenar. 
Por mais que os outros ao redor sentissem dor o praticante do ódio é o que mais sofre com seus atos e por incrível que pareça, mesmo assim o carrasco não percebe o que faz... e cada vez mais se isola e destroi!
Vi esta pessoa definhando, se corroendo em seu ódio, alimentando nas pessoas a seu redor um despreso por sua existência sem fim...vi aumentar cada vez mais sua solidão e o pior, vi outras pessoas começarem a ter as mesmas atitudes, ao conviverem com ele.
Vi pessoas ao seu redor, pararem de sentir dó e começarem a achar pouco suas doenças e dores, pois ele a vida toda vinha causando doença e dor em todos e sorria disso difarçadamente..
Acabei percebendo que aos poucos, eu também não tinha mais pena de suas dores, nem me abalava mais cada vez que me diziam que ele estava mal, que tinha um novo problema de saúde...e pensava nos vários problemas de saúde que eu havia adquirido com sua convivência, assim como um operário se destroi ao suportar toda poluição ao seu redor , eu fui me destruindo ao engolir o veneno que esta pessoa me enfiava guela abaixo, sem poder me defender por respeito que lhe tinha.
Comecei a ver tudo que eu tinha perdido, tudo que eu havia lançado fora numa busca desenfreada pela liberdade e distância desta pessoa...
Nunca quis odiar e por isso simplesmente fugi a vida toda, mas quanto mais fugía, mais próxima ficava e de seu veneno me alimentava.
Aos poucos fui me cansando ..cansando, e assim como outras pessoas hoje, não sinto mais raiva, magoa, tristeza, apenas sinto despreso e uma indiferênça que jamais havia sentido.
Ao saber de sua internação numa UTI, isso em nada me abalou, nada me comoveu, nem para o bem , nem para o mal, apenas lamento que ele esteja chegando ao fim e nem se dá conta de que a única coisa que levará daqui é o despreso das pessoas; e a única coisa que deixa como herança verdadeira, além dos bens materiais que não são eternos; é a magoa, o ressentimento, e o ódio que plantou a vida toda no coração dos outros; por isso resolvi por aqui tudo que sinto, pois sei que o ressentimento e o ódio só envenenam a quem os tem dentro de si!
Não quero que isso faça parte de mim como fez da vida do meu pai, e quero dizer que acima de tudo ainda o amo, mas lamento que termine assim tendo a solidão como sua última companheira!



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